domingo, abril 16, 2006

Sentei e conversei. Como se espera de uma pessoa adulta. Mas suspeito que ainda não sou eu esta pessoa...

...Ele estava ainda a dormir, chegara a pouco da longa viagem que tinha durado a madrugada toda e seu corpo estava cansado. Cansado e virado para a da parede, na qual a cama tocava do lado direito de quem entra. Esquerdo de quem sai. Ela entrou, bem direitinho, e sentou-se na ponta da cama de casal , como se não quisesse invadir o espaço que antes tinha uma mãe. Chamou o nome dele baixo para não o acordar muito e quando ele balbulciou "Hum?" ela esticou o braço e lhe entregou um livro que sabia que ele gostava. Depois viria a notícia ruim. E veio e foi. Assim: " Pai, bati o carro na coluna da garagem ao estacionar. Não tenho justificativas, fui desatenta novamente e estou aqui para ouvir o que já sei que vai me dizer, que você já sabe que eu já sei, mas que precisa falar". Ele, que não havia dito palavra, calou-se mais ainda. Ela não via seu rosto, pela posição desfavorável, mas podia adivinhar a expressão de decepção que devia estar a lhe estampar a face. Já as faces dela, esquetavam para produzir o choro que já viria. Passaram mudos ainda algum tempo; e quando ele resolveu falar a voz saiu suave: " minha filha, eu só não quero perder você. Mas você deve passar algum tempo sem pegar no carro, andando a pé e de ônibus para criar consciência." Ela já ia respirando de alívio. Não deu tempo. Não era só isso o que ele tinha a lhe dizer. A situação inusitada, adultamente inusitada, abriu porta e janelas para que a conversa se libertar por assuntos que ainda doiam nela, porque estavam verdes. E não, ela não sabia qual caminho seguir na vida, por isso não espondeu quando o pai perguntou o que poderia fazer por ela. Ele faria qualquer coisa. Ela levantou-se esquerda, deitou na rede da varanda fria, e chorou a Páscoa toda.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oiiiiiii Ginaaaa!!!!! quanto tempo, então vc mudou de blog? bom reencontrá-la! sim, o Ran já saiu em algumas publicações...mas não tenho feito muito alarde disso. Assim como vc colocou no seu "desabafo" tbém refleti (há tempos atrás) o quanto eu esperava de aplausos pelo meu trabalho. Dizem os sábios q devemos agir sem ficar contando com os frutos, eles virão naturalmente...tento ir por esse caminho. Mas legal q vc encontrou o Central! continue escrevendo, curto seus textos! Vc pde me achar no Orkut= Salvador Messina...e adivinhe qual o meu avatar =^-^= abração! Ran manda beijo!