quarta-feira, novembro 23, 2005

Criar

...surrealismo com cores que se derramam e imagens que não precisam ser tão conexas. Vou buscá-las em outro lugar. Onde. Onde. Onde. Onde elas só são como as vejo. Como te mostrar? Elas piscam.

Já cansei de ser minha pauta principal
Que graça tem ser o tempo todo igual?
A mim
Mas com você
Somos nós nos transformando
O tempo todo
Então a e gente se atura
E até flutua

Queria dar presentes pra todos que gosto, e fico no ímpeto de correr pra comprar, só pra ter uma desculpa pra todos visitar, rever, abraçar. Porque chegar de mãos vazias é tão ... e queria ver um sorriso no rosto. Além de , por nos revermos, por saber que em outro espaço a outro tempo lembrei você. E te carreguei comigo. E te trouxe, pra te dar como presente, pra agora você me ter contigo.

Por quanto tempo irá meu presente te fazer feliz?

quarta-feira, novembro 16, 2005

Segredos de uma jovem

É, é preciso ver as coisas com menos gravidade. Levar a vida com mais leveza. Isso é tão bonito de dizer, que faz gosto doce na boca, é colírio para quem lê...e a gente suspira e até se deixa aliviar e todo aquele pesão que tinha nas costas fica por instantes suspenso.

Por instantes. E volta. Eu bem queria que não, mas volta. Por que sou jovem, e logo começo a pensar que este ‘desapego’ às “coisas sérias do mundo” é uma fuga. E logo o discurso de encarar a realidade com simplicidade transforma-se em desculpa para irresponsabilidade. E eu me preocupo porque não sei separar as coisas, não sei onde termina uma coisa e começa a outra e desconfio que são uma coisa só.

Por que esta juventude que muitos glorificam me dá mesmo é muitas incertezas. E o que eu serei daqui a cinco anos? Depende de mim, eu sei, em parte. Mas há tantas possibilidades! Implica em escolha. Implica em renúncias. E como eu vou saber se é melhor vender picolé na praia ou ser cobradora de impostos? Ser estilista de moda ou psicóloga? Escritora ou publicitária? Fotógrafa ou professora? E eu queria tanto ser cantora e já nem sei se quero mais. Porque tanta coisa me deslumbra. Porque há tantos modos de se ser feliz...mas vai que eu escolho justamente o raro que leva ao caminho oposto?

E ele estava certo quando disse que isto de “um sim significar vários nãos” era um problema pra mim. Estava certo quando desconfiou que esta minha visão pode ser causa dos meus ‘problemas psíquicos’. Mas, será Senhor, que isso acontece só comigo? É não né? E nem todo mundo toma aquele remedinho. Pra depressão, veja só! E eu me aço tão engraçadinha!

E eu já nem sei se quando fico morrendo de sono é efeito colateral ou se eu digo pra mim mesmo que é efeito colateral pra eu poder dormir. Já nem sei se estou me esforçando demais e por isso me canso, ou se sou uma vagabunda que arruma qualquer desculpa pra não estudar.

E também não sei se ao acreditar que me esforço, esse esforço é pra uma coisa que valha a pena. E quando me assumo quando negligente, será que não o faço por saber aqui dentro eu o esforço pra este caminho não valeria a pena? Ou será esta ainda mais outra desculpar pra nem tentar por medo de fracassar antes de chegar lá e testar mesmo se é bom ou ruim?

AI ai AI!

E eu tenho uma viagem pra São Paulo na semana que vem. Primeira vez que vou andar de avião! Primeira vez que vou sair do eixo Ceará-Piauí. E fico morrendo de culpa de me animar, porque deveria era estudar. E fico morrendo de culpa de não me animar, porque sou jovem e deveria aproveitar a vida. E vou carregar os livros debaixo do braço pra ver se o conhecimento passa por osmose.

E tou gostando tanto de fazer Taeknow-do, e mês que vêm tem exame de faixa, e, modéstia a parte, tenho melhorado bastante. Mas fico pensando em sair “primeiro as responsabilidades, depois que eu conseguir alguma segurança faço estas coisas”. Mas quando é que na minha vida eu vou ter chance de novo de fazer Taeknow-do com esse professor, com estes amigos?

E eu vivo em conflito de prioridades.

E nisso se perde tanto tempo...

O SONHO DOS RATOS - Rubens Alves

Era uma vez um bando de ratos que vivia no buraco do assoalho de uma casa velha.

Havia ratos de todos os tipos: grandes e pequenos, pretos e brancos, velhos e jovens, fortes e fracos, da roça e da cidade.

Mas ninguém ligava para as diferenças, porque todos estavam irmanados em torno de um sonho comum: um queijo enorme, amarelo, cheiroso, bem pertinho dos seus narizes. Comer o queijo seria a suprema felicidade...

Bem pertinho é modo de dizer. Na verdade, o queijo estava imensamente longe, porque entre ele e os ratos estava um gato...

O gato era malvado, tinha dentes afiados e não dormia nunca. Por vezes fingia dormir. Mas bastava que um ratinho mais corajoso se aventurasse para fora do buraco para que o gato desse um pulo e, era uma vez um ratinho...

Os ratos odiavam o gato. Quanto mais o odiavam mais irmãos se sentiam. O ódio a um inimigo comum os tornava cúmplices de um mesmo desejo: queriam que o gato morresse ou sonhavam com um cachorro...

Como nada pudessem fazer, reuniram-se para conversar. Faziam discursos, denunciavam o comportamento do gato (não se sabe bem para quem), e chegaram mesmo a escrever livros com a crítica filosófica dos gatos. Diziam que um dia chegaria em que os gatos seriam abolidos e todos seriam iguais.

"Quando se estabelecer a ditadura dos ratos", diziam os camundongos, "então todos serão felizes"...

- O queijo é grande o bastante para todos, dizia um.

- Socializaremos o queijo, dizia outro.

Todos batiam palmas e cantavam as mesmas canções. Era comovente ver tanta fraternidade. Como seria bonito quando o gato morresse!

Sonhavam. Nos seus sonhos comiam o queijo. E quanto mais o comiam, mais ele crescia. Porque esta é uma das propriedades dos queijos sonhados: não diminuem: crescem sempre.

E marchavam juntos, rabos entrelaçados, gritando: " o queijo, já!"...

Sem que ninguém pudesse explicar como, o fato é que, ao acordarem, numa bela manhã, o gato tinha sumido. O queijo continuava lá, mais belo do que nunca. Bastaria dar uns poucos passos para fora do buraco.

Olharam cuidadosamente ao redor. Aquilo poderia ser um truque do gato. Mas não era. O gato havia desaparecido mesmo. Chegara o dia glorioso, e dos ratos surgiu um brado retumbante de alegria.

Todos se lançaram ao queijo, irmanados numa fome comum. E foi então que a transformação aconteceu.

Bastou a primeira mordida. Compreenderam, repentinamente, que os queijos de verdade são diferentes dos queijos sonhados.

Quando comidos, em vez de crescer, diminuem. Assim, quanto maior o número dos ratos a comer o queijo, menor o naco para cada um.

Os ratos começaram a olhar uns para os outros como se fossem inimigos. Olharam, cada um para a boca dos outros, para ver quanto o queijo haviam comido. E os olhares se enfureceram. Arreganharam os entes. Esqueceram- se do gato.

Eram seus próprios inimigos. A briga começou. Os mais fortes expulsaram os mais fracos a dentadas. E, ato contínuo, começaram a brigar entre si. Alguns ameaçaram a chamar o gato, alegando que só assim se restabeleceria a ordem.

O projeto de socialização do queijo foi aprovado nos seguintes termos: "Qualquer pedaço de queijo poderá ser tomado dos seus proprietários para ser dado aos ratos magros, desde que este pedaço tenha sido abandonado pelo dono".

Mas como rato algum jamais abandonou um queijo, os ratos magros foram condenados a ficar esperando.. Os ratinhos magros, de dentro do buraco escuro, não podiam compreender o que havia acontecido.

O mais inexplicável era a transformação que se operara no focinho dos ratos fortes, agora donos do queijo. Tinham todo o jeito do gato, o olhar malvado, os dentes à mostra.

Os ratos magros nem mais conseguiam perceber a diferença entre o gato de antes e os ratos de agora. E compreenderam, então, que não havia diferença alguma. Pois todo rato que fica dono do queijo vira gato. Não é por acidente que os nomes são tão parecidos.

sexta-feira, novembro 04, 2005

É, né?

E se você experimentasse
Fazer tudo ao contrário
Não dizer sim
Sim dizer não
Dá no mesmo
Parece que pelo avesso
As coisas se tocam

terça-feira, novembro 01, 2005

Agora eu sei...

...As pessoas não vão gostam mais ou menos de você por causa do seu diâmetro. Não as que realmente importam. Elas gostam mais e mais ou cada vez menos de ti pela maneira com a qual as trata.

...Acho que ele me disse que me ama, indiretamente, mas disse. Acho que sou um desafio pra ele, ainda bem, porque ele é ariano e isto faz com que mantenha o interesse. E foi mais ou menos assim:

( Msn _ 23:40h )

_ Gina, você sabe qual a parte mais difícil de um namoro?
_ Não
_Você perceber o outro e aceita-lo. Você saber que o outro muda e que por vezes você é forçado a mudar. Pra mim seria muito mais fácil acabar um relacionamento quando o outro me chateasse. Aceitar exige esforço. E eu acho que é assim que o amor se constrói.
_ Tudo bem, David. Eu lhe aceito, mesmo de barba.
_ ( risos)
_ E só lamento agora que exista Internet. Estas coisas deviam ser proibidas de não serem ditas pessoalmente.
_ Mas eu escrevo melhor do que falo.
_ E abraça melhor do que escreve.
_Mas não abraço melhor do que vc beija.
(silêncio)
_David
_Oi
_ Você me aceita?
_ Estou aceitando.
_Eu sabia que tinha um por enquanto...
( risos )
É, foi mais ou menos isso.