quinta-feira, setembro 28, 2006

Oração dos Estressados (Luís Fernando Veríssimo)

Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar,
coragem para mudar as coisas que não posso aceitar,
e sabedoria para esconder os corpos daquelas pessoas que eu tiver que matar por estarem me enchendo muito o saco.
Também, me ajude a ser cuidadoso com os calos em que piso hoje,
pois eles podem estar diretamente conectados aos sacos que terei que puxar amanhã.
Ajude-me, sempre, a dar 100% de mim no meu Trabalho:
12% na segunda-feira,
23%, na terça-feira,
40% na quarta-feira,
20% na quinta-feira,
5% na sexta-feira.
E, ajude-me sempre a lembrar, quando estiver tendo um dia realmente ruim...,
e todos parecerem estar me enlouquecendo...,
que são necessários 42 músculos para socar alguém, 1
7 para sorrir
e apenas 4 para estender meu dedo médio e mandá-lo tomar no ...
Que assim seja, Amém......

domingo, setembro 24, 2006

David 24h

Quando eu acordar
eu quero David em pasta pra escovar os dentes
e grãos de David para pôr no café
quero dirigir o David quando for pra aula
entrar no David ao abrir a porta
por o David nos olhos pra enchergar melhor
e estudar o David todinho em milhares de páginas

Eu quero olhar pros ponteiros do David enquanto o tempo passa

Quero mastigar o David ao meio-dia
e engolí-lo com a ajuda do David em forma líquida
Ao ligar a televisão, assistir o David
Ao ligar o som, escutar o David a cantar
Acessar o David inteiro no infinito da internet

Eu quero continuar olhando pro David enquanto o tempo passa

Porque a noite
Eu quero me banhar de David
Vestir o David pra ficar bonita (pro David)
e passar o David na pele pra ficar com cheiro seu

Eu quero olhar pro David enquanto o David não chega

Mas graças a Deus que não é assim
bem do jeitinho que eu quero
Porque, em sendo, eu já já enjoaria do David
E só ia querer o David pra por num envelope e mandar pro fundo do mar
até ele dissolver todinho

É bom do jeito que é
Tendo um David só
Mas em carne e alma
Toda vez que ele me chega
pra eu amá-lo


inteirinho

quinta-feira, setembro 21, 2006

O Amor , segundo Paulinho Moska

"Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento, relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor, chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado, mas é exatamente o oposto. Para mim, que o amor se manifesta, a virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado, o amor está em movimento eterno, em velocidade infinita, o amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine? Minha resposta? O amor é o desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido. A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante. A vida do amor depende dessa interferência. A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com inicio, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor. Não podemos castrá-lo. O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O amor brilha, como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo. O amor, eu não conheço, e é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a vida é feita, ou melhor, só se vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto"

quinta-feira, setembro 14, 2006

Porque que tem gente que teima? Eu não gosto do q ouço e ainda faço aquele sorriso amarelo...pq q eu acho q tenho q ser sempre tão boazinha? Assim vou acabar explodindo por dentro.

Contar até 10. Contar até 10.Contar até 10.

No dia a bomba bombar eu não me responsabilizo.

terça-feira, setembro 12, 2006

Pesado elo

Eu me lembro mais do que senti do que do sonho em si. Eu senti muito medo. Acordei gritando pelo meu pai. No sonho eu tentava alerta-lo para não deixar Deus ir embora. Deus tinha vindo nos visitar, saíra de um elevador que abria as portas dentro da nossa casa. Entrou com uma humildade imponente e eu estava deslumbrada com sua presença, quase não falei. Ele trouxe consigo uma linda garotinha de cabelos longos que encheu o ambiente de alegria, e que agora interpreto como sendo uma espécie de anjo. Sei que gostei da menininha instantaneamente e me distrai com seu sorriso enquanto Deus contornava o corpo de minha mãe, como fazemos quando passamos um lápis em torno da mão. Depois ele cruzava a porta e se ia com ela, deixando só seu desenho na parede; e eu lá brincando com a menininha angelical. Até que escuto o estrondo forte e metálico da porta do elevador a se fechar. A criança se desintegra, e vejo meu pai chorando, e vejo o desenho, e compreendo o que havia ocorrido. Deus tinha ido embora. Eu tinha muitas perguntas a Lhe fazer, mas Ele tinha ido embora. Além de ter trazido um anjo para me fazer calar de encantamento e não Lhe questionar como eu queria, Ele havia também levado minha mãe para si. Ele me engara inescrupulosamente. Eu senti raiva. Raiva por ter sido tola e caído em Seu golpe baixo, raiva por Ele ter levado minha mãe, raiva por Ele ter me evitado sentir a dor da perda no instante que ela acontecera, raiva por Ele ter usado um anjo pra burlar minha atenção. Raiva. Raiva. Raiva. Deus não era confiável. Mas era poderoso. Foi então que subitamente me veio o medo. Eu senti de todas as formas que Ele ia levar os braços do meu namorado, dos meus amigos, dos meus irmãos, do meu pai. Ele sabia que eu O estava julgando naquele momento e ia tirar dos meus amores a capacidade de me abraçar. Era meu castigo. Eles estavam vivos, mas seus braços ficariam para sempre relaxados e inertes ao longo de seus corpos. Eles seriam punidos por minha causa! Ele estava os desenhando a todos e eu ia ficar sozinha. Ninguém mais via aquilo?Ele precisava voltar. Então eu gritei, sufocada, gritei até conseguir acordar; e respirar. Meus amores ainda me tinham em seus braços.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Está na hora de eu analisar a mim mesma. Não acho que precise de alguém pra me dizer que eu gaste dinheiro com remédios se não conseguir resolver o que eu chamo de problemas. É divertido poder assumir o comando.



ALgumas pessoas vão ler isso. Algumas vão levar muito a sério. talvez eu apague. :-)

domingo, setembro 03, 2006

“É só o amor que conhece o que é verdade”

Plena, é assim que me sinto agora. Como se nada me faltasse. Como se eu jamais tivesse duvidado da existência de Deus. Como se a verdade tivesse se despido sem vergonha na minha frente, com um sorriso tranqüilo e sem a malícia de me culpar com o olhar por tantas vezes eu ter sido tão tola. Porque ela podia, bem que podia me discriminar ou ter me dado um belo tapa na face pra eu acordar, mas não o fez. Preferiu vir serena e me fazer chorar não de dor e sim de alegria. Plenitude. E agora me é tão nítida a essência das coisas _ passamos um pelo outro e a gente não se esbarra, se cumprimenta. Penso nas tantas coisas sem sentido e sem retornos nas quais nos apegamos buscando consolo, só porque nos falta amor. Não, amor nunca falta, o que nos falta exatamente é a capacidade de se deixar amar sem máscaras de amar apesar (e através) de todas as coisas. Hoje vejo as pessoas passando em câmera lenta, com suas faces que carregam as mais diversas expressões e consigo perceber quem afunda e quem voa. Porque o mundo é cruel e difícil e é preciso carregá-lo como um fardo para ele não ficar zangado e não lhe maltratar mais. Porque, já que o mundo é cruel e difícil, vamos fazer-lhe o favor de não perturbá-lo com tantas pisadas; e sim tratar de lhe jogar do alto muito afeto, como se fosse chuva, pra ele sarar.

“O mundo tá muito doente”

Gostei quando ouvi alguém dizer que acorda todo dia como se fosse de propósito. Inversão inteligente. Estou acordada, quase todos dormem. Alguns roncam. Mas não adianta fazer barulho; a cada um, uma hora, a verdade irá beijar.