terça-feira, julho 18, 2006

Dia 18

Mainha ,
Hoje é seu aniversário; 55 anos você faria caso estivesse aqui neste planeta absurdo e nós faríamos uma grande festa. Fossem outros os tempos, tentaríamos despistá-la para fazer uma surpresa, e vc fingiria que não sabia de nada pra nos agradar enquanto tentávamos agradá-la. Se você já estivesse doente a festa ia ser mais intensa, com ar de saudade, com o medo e a quase certeza de que seria ela a última, como foi a última. E você, mais triste que feliz, faria um esforço estrondoso pra não chorar sua própria vida indo-se em mais um ano de lutas. E olharia-nos com seus olhinhos que haviam ficado maiores, porque seu rosto estava mais magro e suas sobrancelhas haviam quase desaparecido. E pelo seu crescido olhar ia querer transmitir todo o amor que sempre nos teve, prometendo que sempre o teria, estivesse onde estivesse. Mas eu ia ver, eu ia ver a apreenção que você tentava disfarçar porque o medo que sentia da morte não devia ser nosso, e sim só seu, visto que só você se ia e teríamos que, corajosos, continuar. Ia ser uma festa estranha, de dúvidas e desesperos existenciais mal dissimulados em afetuosas demonstrações de força. Onde você está agora? Onde você está agora, como vocês comemoram os anos? Há tempo? Adianta se eu lhe levar algumas flores no túmulo? Pode sentir o amor que lhe dou com elas, onde está? Caso possa, tenho certeza que pode também ler o que ainda não sei escrever. Feliz aniversário, mãe. E tudo que tiver embutido nisso.

Sempre sua ,

Gina

Ps. O pai acabou de chegar com as flores

sábado, julho 15, 2006

Sutilezas do Cuidado*


Ela estava deitada, com os olhos fechados, corpo e alma prestes a se encontrarem na ante-sala do sono e darem-se as mãos para seguirem rumo à este desejado mistério. O livro já dormia, com todos os seus personagens abandonados sobre seu seio, á mercê do sobe e desce de seu respirar. Foi quando ele abriu a porta e olhou longamente para a filha. Acabara de saber de outrem que ela estava adoentada e por isso não tinha ido ao trabalho. Ia reclamar-lhe por ela não ter avisado; já dissera-lhe mil vezes que ao menor sinal, que não era pra ter medo de médico e outros tantos quês. Mas quando a viu ali, adormecida, a respiração levemente ofegante; calou-se antes de começar a falar. Aproximou-se. Colocou o dorso da mão sobre sua testa suada e constatou uma tênue febre. Decidiu-se por não incomodá-la. Procurou um ventilador, posicionou-o defronte à moça e procurou pacientemente o melhor ângulo para o vento refrescar-lhe o corpo. Quando achou que estava bom, dirigiu-se novamente para porta, abriu-a e. . Abriu-a e antes de sair , fechando-a, olhou pr´aquela filha. Ela podia sentir aquele olhar. Podia vê-lo, mesmo estando com os olhos fechados. Era um olhar de tanto amor, tanto amor que continha medo. Ela gostaria de ter visto de verdade o olhar, antes de ser comovido pelo medo, mas ficou o tempo todo com os olhos cerrados. Ele fechou a porta afinal. E foi-se sumindo com o barulho de seus passos no corredor. Ela abriu os olhos e olhou para o teto. O sono havia passado completamente. Pegou o livro e recomeçou a leitura; as páginas agitadas pelo vento. De vez em quando era bom ficar doente.



*texto republicado do ex-blog www.ginaemanuela.blog.uol.com.

quinta-feira, julho 13, 2006

Tudo que eu menos quero agora é um guerra

...ás vezes é preciso ariscar
mas, pai, se você fosse meu filho
eu também ia preferir saber
que quando eu parti
você estava em um lugar seguro...

segunda-feira, julho 10, 2006

Quando não se espera

Umas coisas que a gente vê não fazem bem. Os filmes* bons que eu vi esse final de semana, eu detestei. Eu queria rir, deixar a mente leve e esses malditos bons filmes me fizeram a consciência pesar. Me fizeram pensar sobre a vida, o futuro, as coisas que se vão sem a gente se dar conta e depois quando a gente as quer é tarde demais. Quantas vezes um jovem homem vai se afastar aos poucos da mulher que ama loucamente por causa do sonho de ter sucesso profissional? Quantas vezes a jovem apaixonada sentir-se-á solitária e acabará caindo nos encantos de outro? E mais um amor que tinha tudo pra dar certo se vai. Quantas vezes, sem perceber, você vai deixar sua existência escorrer pelo ralo? Quantas ainda agarrar-se-á a promessas fúteis e deixará de lado quem realmente importa até a morte vir? Nos filmes, isto pode ser apenas um sonho ruim e ainda há tempo para a revisão de valores e a conquista de um feliz final. Mas a vida não tem volta, por isso não deixe a sua virar um pesadelo. Eu decidi ser melhor a partir de hoje. Decidi fazer tudo que eu venho adiando. E vou ter que decidir todo dia, pra ver se eu consigo.

*Filmes: Nu em Nova York e Click

sexta-feira, julho 07, 2006

França elimina brasileiro de vez

Com um gol de pênalti de Zidane, a França classifica-se para a final contra a Itália e acaba com a torcida brasileira por completo. O jogo de sábado tinha para os brasileiros um gostinho de vingança, seria a revanche da Copa de 1998, aquela que houve na França e que deixou as gargantas brasileiras engasgadas com a vontade de gritar PENTACAMPEÃO, conquista essa que só ocorreu na Copa seguinte. Mas no jogo de sábado descontaríamos, venceríamos, gritaríamos e, mesmo que não fossemos para a final, teríamos lavado a alma. Mas o Brasil não ganhou, o sábado foi triste e a seleção voltou pra casa bem à francesa. A derrota foi um verdadeiro Dejá vu. Parreira pareceu tranqüilo demais; os nossos jogadores, apesar de serem individualmente talentos já consagrados, não convenceram como equipe. A fórmula falhou. A esperança brasileira então recaiu sobre Luiz Felipe Scolari, brasileiro, técnico da seleção de Portugal. Cabia agora ao Felipão vencer a França pra alegria de todos nós. Felipão grita, tem garra, motiva. Felipão solta as palavras e as faz entrarem em campo e jogarem, empurrando a bola no rumo do gol. E a Seleção Portuguesa fez bonito, jogou com vontade. Mas não deu. O gol de pênalti de Zidane ainda no primeiro tempo foi definitivo. E Portugal agora pode apenas lutar por um 3º Lugar. É até um bom lugar, mas nenhum brasileiro venceu a França. Adianta torcer pra Itália?



Ps. e o que mais em dói é o Zidane dizer na TV que a gente só pode ser muito bom em futebol, porque a gente não estuda.

quarta-feira, julho 05, 2006



" quem me vê sorrindo

pensa que estou alegre

o meu sorriso é por consolação

porque sei conter

para ninguém vê

o pranto do meu coração"

CARTOLA

segunda-feira, julho 03, 2006

Divagações sobre a Copa

Ultimamente não tenho me achado criativa o bastante. Vou escrever o que vier. O Brasil perdeu pra França, uma maneira dos franceses conquistarem o Brasil. Muitos me disseram que vão torcer pra Portugal, porque tem Felipão e Felipão tem garra. Ele pula, fica vermelho, grita e falta fazer as palavras que ele fala jogarem bola pelos jogadores. Coisa boa tanta empolgação. Coisa ruim foram as narrações do Galvão. Devia ter anotado para colocar um tópico aqui com Pérolas da Copa, by Galvão Rueno. Não gostei da perda, nem de ter visto o Ronaldinho Gaúcho cabisbaixo por ter saído da Copa. E saído sem nenhum gol. Ele é tão bonzinho, e tenho pena, mesmo sabendo que ele tá lindo de rico. Por enquanto, é só.