sexta-feira, setembro 28, 2007

Nua e Crua

Ela disse:

_ Quero me despir de toda essa fragilidade: refúgio confortável que vem me distanciando de mim mesma, que me trai e me derrama em qualquer lugar sem se importar. E o mundo torna-se olhos curiosos que me fitam, hesitam e se fecham para não se envolver. É perigoso compadecer-se, envolve crise existencial e perda de tempo. E é o que clama essa fragilidade inútil: tenham pena de mim. Eu vou rasgar tal fragilidade com crueldade. Nua e crua vou descobrir quem sou. Doce ilusão.
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Doce ilusão?

sexta-feira, setembro 14, 2007

Amacenhe

Uns pássaros desafinados pensam que cantam
As nuvens espaçadas parecem correr para o lado de lá
E eu existo aqui na frente do computador
Eu resisto acordada desde a madrugada
Absorvendo a luz do monitor
cravada na cadeira
Querendo ser nuvem fluida
arrastada sem parar
reclamando dos pássaros
no decurso do passear

Eu sou cheiros bons e ruins que se mesclam
e me deixam inconfundível
Aqui
Me torno insuportável
Pretendo ser indistingüível

Ainda não sei voar de perto
Nem cheirar menos
Sequer esqueçer
E o poema sente uma falta enorme
das coisas que eu não consigo esquecer
nem escrever