segunda-feira, junho 19, 2006

Quando bate ...

Mas não é mera coincidência que ela caia doente logo na proximidade das férias daquele companheiro de trabalho. Ainda mais de doença assim, sem nome. Passariam um mês distantes. É bem verdade que já não vinham se vendo, se ligando, enfim, se comunicando como antes o fariam com tanto agrado. Mas ainda havia a proximidade geográfica. Sabiam que era só uma questão de duas quadras para um abraço. Para uma mudança de idéia de qualquer das partes. Para um impulso desesperado dela para dizer-lhe a verdade. Havia ainda os amigos em comum, que antes eram só dele, mas depois ela também se apossou. Quando ela deparava com algum deles podia ver o rapaz do lado. Mesmo que nem chegassem a tocar no nome do dito cujo. Qualquer dos amigos traziam o rapaz dela em si e aquilo a revitalizava.
Podemos ainda considerar que havia, e isto talvez seja o principal, havia a situação em comum pela qual ambos passavam naquela repartição. Sabiam que aquele não era o lugar deles, que não estavam completamente ( nem mesmo inclompletamente) satisfeitos e que cedo ou tarde teriam de partir. Ou enlouqueceriam. Ou pereceriam. O engraçado é que sabiam disso antes de se conhecerem. Mas antes sabiam com menos força e por vezes até esqueciam, visto que esta idéia não encontrava nem espaço, nem corpos, nem mentes para propagar-se. Por isso, logo que se viram, na primeira troca de olhares se sentiram cúmplices. Ampararam-se um pelos braços do outro da queda vazia que tinha sido suas vidas até então. É óbvio que se apaixonaram; talvez pelo reflexo que conseguiam ver de si no outro. O fato é que ela se apaixonou mais e ele se assustou e pediu férias. Férias de um emprego insatisfatório junto com as férias de um amor com o qual não sabia lidar. Ele deve está a surfar, pois pediu férias. E a pobre está pra morrer agora.

2 comentários:

Thiago Braga disse...

Perversividade com saudade!!!

Anônimo disse...

eu não posso comentar nada porque senão tu vai brigar comigo... vai sim! :P