sábado, abril 07, 2007

Meu sonho de hoje

No meu sonho de hoje, as pessoas estavam presas em espelhos que estavam anexados a uma parede negra. Os espelhos eram retângulos que não lhes abarcava o corpo todo, de modo que eu, ou via as pernas, ou as mãos, ou as costas; mas nunca o rosto de quem estava do lado de lá. Sim, era gente minha, conhecida, e , da parte que se mostrava, eu via que continuavam a exercer suas atividades corriqueiras. Não sabiam que estavam presas. O reflexo das pernas da Cecília mostrava que ela continuava a correr tentando emagrecer. As costas engomadas do vizinho seguiam para o trabalho em busca de dignidade e dinheiro. Óbvio, ninguém me ouvia, por mais que eu quisesse, por mais que eu gritasse. Até porque espelho não escuta e até nos sonhos há que haver um mínimo de lógica. Mas a parte mais inquietante foi quando, em meio às paredes escuras e espelhadas, surgiu você real. Foi quase um alívio, que não se concretizou porque quando tentei falar contigo você virou “de cera”. E quem mais, porventura, surgia no meu sonho; se eu olhasse com ânsia comunicativa, virava pedra. Demorou pra eu acordar, pra eu escapar...como se eu, que era e sou sonha do sonho meu, ficasse nele enclausurada. Como se ele fosse meu espelho. Ainda bem que não acordei “de pedra”.

Acordei pedindo pra que você não me deixasse, não me deixasse mais dormir. E você só me diz que foi só um sonho. Eu ofegava e você reduz minha irrealidade a uma questão de eu saber controla-la ou não. Eu te peço que me ensine; e a gente combina sonhar o mesmo sonho e controla-lo da mesma forma, na mesma noite, na mesma cama, depois daquela hora. E a gente vai sonhar junto, só pra ver o que acontece.

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