quinta-feira, setembro 21, 2006

O Amor , segundo Paulinho Moska

"Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento, relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor, chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado, mas é exatamente o oposto. Para mim, que o amor se manifesta, a virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado, o amor está em movimento eterno, em velocidade infinita, o amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine? Minha resposta? O amor é o desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido. A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante. A vida do amor depende dessa interferência. A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com inicio, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor. Não podemos castrá-lo. O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O amor brilha, como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo. O amor, eu não conheço, e é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a vida é feita, ou melhor, só se vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto"

2 comentários:

Anônimo disse...

o problema é que as pessoas falam demais de "amor"...
às vezes, o "amor" passa a ser mais importante que o próprio ser a quem se ama...
isso é uma questão de parar e observar, senão vira um problema de amar o amor e não o ser amado...

quero me encontrar nessa questão!!!

azul disse...

Sou "suspeita" pra falar de amor. Tenho lá, meus "conceitos" e
pré-conceitos sobre a palavra AMOR.
Mas lendo esse belo texto sobre, não fiquei quieta.

Dizem que o medo vem justamente do apego. A gente se apega demais a vida aqui na terra. A Matéria e justamente por esse motivo, estamos tão fincados aqui, e em tudo que supomos que nos pertence.
O medo vem de perder o que supomos ter.
Será que perdendo o apego a gente perde o medo?
A quem diga que sim!
Mas que amor é esse que tanto falam e que tantos dizem que existe e que está imune ao apego???
Esse amor inexplicável, sem cor, sem tempo. Esse amor tão lindo nas palavras, mas que nunca vi, nunca tive notícias...
É muito vago.
Coisas inexistentes, tantos palavriados bonitos e inalcansáveis...
Mas quando se trata de gostar do próprio filho, da pessoa que está do seu lado, da criatura que te beija e faz amor e sexo todos os dias, não é desse amor tão sobrenatural que, na pratica a gente sente na pele. AA gente sente mesmo é ciúmes, é saudades, é alegria,é prazer, é tristeza, é contentamento.
O amor precisa mesmo é de manutenção.
E o apego, é inevitável quando se ama.
Não adianta tanta utopia. Um dia a gente descobre que, o amor budista, serve para as pessoas que estão andando nas ruas.
Não pra nós!
Lena.

(eita, isso foi um comentário?)
Vou copiar e postar no blog, isso foi uma dissertação.