sábado, março 03, 2007

Entrelinhas

Ela disse:

_ Não, eu não quero que você goste de mim porque eu sou a única mulher que você tem. Quero que você sinta que pode ter outras, todas a mulheres, e mesmo assim esteja comigo porque escolheu; porque me quis e eu te quis e continuamos nos querendo.

_ Mas é exatamente isso!

_ Então, porque eu não sinto?

Ele deu um suspiro indignado acompanhando de um sorriso, ao mesmo tempo em que levantava os ombros e balançava a cabeça. E a olhou tentando compreender. Não sabia por que ela não sentia. Não sabia por que tinha dias em que ela estava impossivelmente carente, insegura, cheia de questões, tentando encaixar o amor deles em alguma teoria. Ele a amava, ah, como amava. E a olhou mais nos olhos desamparados que já continham o brilho de uma lágrima. Teve o ímpeto de tomá-la nos braços, e carinhá-la tanto, e beijá-la tanto; que qualquer fantasma seu não suportasse tanto afeto e fosse embora pra nunca mais. Mas não fez isso. Não, pois ele queria que ela se tornasse uma forte. Uma mulher forte e segura. Tinha como objetivo tirar dela o que a diminuía, principalmente quando era fruto de uma ilusão maléfica e desnecessária. Jamais negaria apoio e perdões se ela tivesse razão. Porém naquela hora não, por mais que olhinhos dela pedissem.

_ Você não se importa nem quando eu choro.

_ Mas você não tem porque chorar agora, ô meu Deus! Olha..._ disse ele enquanto levantava de leve seu queixo_ Porque você está aqui agora?

_ Porque eu te amo.

_Certo. E porque eu estou?

_Porque você me ama.

_Certo. Porque é assim que tem que ser. Porque temos muita sorte de amarmos um ao outro e podermos estar juntos. Não entendo porque você diz que não sente se você sabe!

Ela engoliu cuspe que tinha na boca, mordeu os lábios e o encarou. Não tinha coragem de lhe dizer que tudo que ela queria agora era que ele a abraçasse, que fizesse carinhos e a beijasse até não ser mais preciso falar coisa alguma, até o amor que ela sabia que ele sentia penetrasse sua pele como calor, um calor que conforta. Considerava um pedido desses uma humilhação, uma súplica. Se ela o fizesse ele a acharia uma fraca, e ela não era uma mulher fraca, só não tava num dia muito bom. Continuou a olhá-lo tentando transmitir sua ânsia através do olhar. Mal sabia que ele já havia percebido e preferido passar por insensível para fazê-la crescer.

_ Você me olha como quem guarda um segredo, menina.

Ela sorriu dando-se conta que tinha um eu te amo com aprendizado de brinde vindo daquela frase. Só então ele a abraçou, a carinhou e etc, etc, etc.

Um comentário:

Anônimo disse...

ê bando de homens que não entendem nada!!!
feliz Dia das Mulheres, prima! um brinde a nós! :)